D. JOÃO II, GÉNIO E VISIONÁRIO


A 25 de Outubro de 1495 faleceu no Alvor, Algarve, D. João II, o “Príncipe Perfeito”, o Rei da Casa de Aviz que tornou as “Tormentas” em “Boa Esperança”.

Enquanto o segredo sobre dados marítimos esteve sob a alçada dos Templários/Ordem de Cristo, a estrutura secreta da Ordem garantiu a exclusividade para os portugueses. Em Tomar e em Lagos, os navegadores progrediam na hierarquia somente após a sua lealdade ser comprovada, quando confrontados na acção. Só então é que eles podiam ter acesso aos relatórios reservados de pilotos que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver tão preciosos quão secretos instrumentos como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o pólo norte verdadeiro e o pólo norte magnético, que aparecia nas bússolas. E, à medida que as conquistas progrediam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronómica, que permitiam a orientação pelas estrelas do hemisfério sul, a que também só os iniciados tinham acesso.[1]

Contudo, os êxitos repetidos despertavam o interesse e a cobiça de países estrangeiros. A Espanha, adversário tradicional, também se movimentava na esfera política da Santa Sé para minar os monopólios da Ordem, numa acção combinada com o seu crescente poderio naval. Em 1480, Fernando, de Leão, e Isabel, de Castela, começaram a interessar-se pelas terras d’além-mar. Com a viagem de Colombo[2] à América, em 1492, o papa Alexandre VI, um espanhol de Valência, reconheceu em duas bulas o direito de posse dos espanhóis sobre as terras que o navegante presumivelmente genovês havia descoberto. E rejeitou as reclamações de D. João II de que as novas terras pertenciam a Portugal. O rei não se conformou e ameaçou declarar guerra à vizinha Espanha. A controvérsia levou os dois países a negociarem, em Tordesilhas, no ano de 1494, um tratado para dividir o globo entre estas duas potências.

O tratado de Tordesilhas
No regresso da viagem à América, em 1493, Cristóvão Colombo fez uma escala em Lisboa para visitar o rei D. João II. O rei hesitou entre duas atitudes a tomar:
·       prender Colombo;
·       ou reclamar do Papa direitos sobre as terras descobertas.

Esta é a versão oficial. No entanto, há também quem defenda a hipótese de Colombo, que era casado com uma portuguesa e viajara com os nossos pilotos, estar secretamente a mando de D. João II, com o intuito de desviar as atenções de Espanha para ocidente, deixando assim livre aos portugueses a rota para sul que conduziria à Índia. Assim ficaria explicada a razão por que é que Colombo aportou primeiro em Lisboa para dar notícias em primeira mão ao rei português e deste receber directivas, e só depois seguiu para Espanha.
Como a reclamação de D. João II junto do Papa não foi atendida, o rei português decidiu enviar os melhores cartógrafos e navegadores da Ordem de Cristo, liderados por Duarte Pacheco Pereira, a Tordesilhas, para tentar um tratado definitivo com os espanhóis, tendo a Santa Sé por mediadora.
O cronista espanhol das negociações, Frei Bartolomeu de las Casas, no livro História de las Índias, escreveu o seguinte sobre a competência da parte portuguesa:
“Ao que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos, das coisas do mar, que as nossas gentes.”

Essa vantagem era dada pela estrutura secreta da Ordem. Portugal foi bem sucedido no acordo. Pela bula Inter Caetera, os espanhóis tinham direito às terras situadas a mais de 100 léguas a oeste e sul das ilhas dos Açores e de Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória imaginária, que ia do pólo norte ao pólo sul, foi alongada para 370 léguas, ficando tudo o que estivesse a leste desse limite reservado para os portugueses, incluindo o Brasil.
Até meados do século XV, os cavaleiros de Cristo lançaram-se no projecto marítimo sem esperar auxílio do Estado português. Porém, uma vez anunciada a colonização de novas terras, entregavam à Coroa o domínio material dos territórios, mantendo, contudo, o controlo espiritual. À Corte, interessada em promover o desenvolvimento da produção de riquezas e do comércio, cabia então consolidar a posse do que havia sido descoberto.

In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 3



[1] Refira-se que a navegação dos mareantes portugueses fazia-se tendo como referência a estrela Sírius (estrela sagrada para os egípcios – Sho­ter) e não a Estrela Polar.
[2] Saliente-se que Cristóvão Colombo era casado com uma filha de um navegador português, pertencente à Ordem de Cristo, e que desse contacto terá tido acesso aos diários e cartas de navegação.

UMA PÁGINA NEGRA DA HISTÓRIA DO EGIPTO


A invasão dos Hicsos[1], ou reis pastores, de origem semita e procedentes da Síria[2], veio abalar durante dois séculos a estrutura político-religiosa do delta do Nilo até Mênfis, tendo mesmo facilitado indirectamente a súbita entrada dos judeus no Egipto[3]. Tebas, ao sul, resistiu heroicamente, até que acabou por capitular sob Khian, o mais poderoso dos reis hicsos. Contudo, a heróica Tebas conseguiu repelir o jugo hicso, estabelecendo um Principado independente que deu origem à XVII dinastia, recomeçando, a partir de então, a reconquista do Egipto, sob a protecção solene de Amon, deus tutelar da mística Tebah que, mais uma vez, soube defender o território contra a mediocridade e a ignorância. Os hicsos vencidos refugiaram-se no sul da Palestina.
Durante a ocupação semita – uma das épocas mais negras da história egípcia – tanto os costumes como a religião foram corrompidos. Os sacerdotes viram-se obrigados a sujeitar-se perante a idolatria e o culto do boi Ápis introduzido pelos invasores. Mas tudo isso exteriormente porque, interiormente, os iniciados egípcios acharam necessário proteger “a verdade esotérica, recobrindo-a com um triplo véu. À difusão do culto popular de Ísis e Osíris corresponde a organização interna e sábia dos pequenos e grandes Mistérios. Estes últimos foram rodeados de barreiras quase intransponíveis, de perigos tremendos. Criaram-se as provas morais, foi-lhes exigido o juramento do silêncio, e a pena de morte foi rigorosamente aplicada contra os iniciados que divulgavam o mais pequeno detalhe dos Mistérios. Graças a esta organização secreta, a iniciação egípcia chegou a ser não só o refúgio da doutrina esotérica, como também o crisol de uma ressurreição nacional e escola das religiões futuras. Enquanto os usurpadores coroados reinavam em Mênfis, Tebas preparava-se lentamente para a regeneração do país. Do seu templo, da sua arca solar, saiu o Salvador do Egipto, Amósis, que expulsou os Hicsos do país, restaurando a ciência egípcia e a religião.”[4]

In “Profecias”, Eduardo Amarante




[1] O termo grego Hicsos deriva do egípcio Hik-khoswet que significa “governantes de países estrangeiros”.
[2] Estes reis pastores das XV e XVI dinastias são os sucessores dos invasores atlantes citados por Platão no Crítias e no Timeu.
[3] Este facto ocorreu nos tempos do José bíblico, patriarca hebraico, filho de Jacob e de Raquel, que fora vendido pelos seus próprios irmãos a uns mercadores e que mais tarde, por ter interpretado um sonho do faraó, foi por este nomeado governador supremo do Egipto e casou com a princesa Aseneth.
[4] Édouard Schuré, Les Grands Initiés, Paris, 1983.

A RESSONÂNCIA SCHUMANN E A INVERSÃO DOS PÓLOS: A GUINADA MAGNÉTICA



Em 1952, o físico alemão W. O. Schumann apercebeu-se de que a Terra está rodeada por um poderoso campo electromagnético a 100 km acima de nós, entre o solo e a ionosfera. Esse campo possui uma ressonância mais ou menos constante, da ordem das 7,83 pulsações por segundo. Funcionando como uma espécie de marca-passo, é o responsável pelo equilíbrio da biosfera, que assegura a vida no planeta. O mesmo Schumann também constatou que o cérebro humano – e o de todos os vertebrados – responde à mesma frequência de 7,83 Hertz, e que fora dessa frequência biológica natural surge todo o tipo de doenças. Enquanto, durante milhares de anos, o “batimento cardíaco” da Terra teve essa frequência de pulsações, a vida desenrolou-se dentro de um relativo equilíbrio ecológico.

Entretanto, nos anos 80 e, com maior incidência, a partir dos anos 90, a frequência passou de 7,83 para 11 e, depois, para os 13 Hertz! E logo o coração da Terra disparou! Como resultado pernicioso destas palpitações cardíacas surgiram desequilíbrios ecológicos, como alterações climáticas, intensa actividade dos vulcões, crescimento das tensões e dos conflitos a nível global e o aumento dos comportamentos desviantes nas pessoas, entre outras perturbações. É claro que a Terra-Mãe, Gaia, como Ser vivo que é, tem mecanismos próprios de defesa e irá reencontrar o seu equilíbrio natural… mas a que preço?!

Resumindo o que atrás foi dito, os cientistas encontraram enormes buracos no campo magnético da Terra, sugerindo que os Pólos Norte e Sul poderão vir a trocar de posição, naquilo a que chamam “guinada magnética”. Esse momento, a que Gregg Braden chama “o ponto zero”, será um período de caos, em que as bússolas deixarão de indicar o Norte, as aves migratórias seguirão um rumo errado e haverá satélites que serão danificados pela radiação. Esses buracos estão no Atlântico Sul e no Árctico. Estas mudanças foram divulgadas após a análise detalhada dos dados recebidos do satélite dinamarquês Orsted. Nils Olsen, do Centro para a Ciência Planetária da Dinamarca, afirmou que o núcleo da Terra parece estar a passar por mudanças dramáticas.


in "Profecias", Eduardo Amarante

A ATLÂNTIDA E A LUSITÂNIA


A Lusitânia proto-histórica era uma área geográfica onde habitava um mosaico de povos distintos em que o mar era o elemento dinâmico que os unia. 

Para o general João de Almeida, a origem primitiva da raça portugu
esa descendia dos sobreviventes da raça atlante, cuja última parte do continente (a Atlântida) foi engolida pelas águas do Atlântico aquando do último grande dilúvio da humanidade ocorrido há cerca de 11.500 anos. Segundo tradições antigas, os atlantes ou os seus descendentes, após este grande cataclismo, teriam deixado em todo o Ocidente, não muito longe da costa, sinais escritos e construções megalíticas que coincidiam com linhas, caminhos ou vias, legando dessa forma uma indicação e, sobretudo, um ensinamento que, mais tarde, veio a ser descoberto e interpretado pelos druidas que, instruídos nessa via, puderam assim utilizá-lo. Esse conhecimento terá sido legado, posteriormente, à Ordem de Cister e, através dela, aos Cavaleiros da Milícia de Cristo, isto é, aos Templários.

Fazendo fé nesta antiga tradição, a “raça portuguesa” teria um fundo atlante que seria anterior a todas as posteriores invasões e migrações territoriais. A este propósito, escreve o mesmo autor:
“O sentimento da existência da Atlântida nunca se perdeu, ele esteve sempre na memória dos lusitanos e perdura ainda na alma dos portugueses.”

Tratar-se-ia do inconsciente colectivo que actua na alma, no modus operandi do povo português. Essa reminiscência do continente perdido no fundo do Atlântico (que deu origem ao mito do Dilúvio e da Arca de Noé explicaria o carácter marítimo e expansionista dos portugueses, da alma lusa. E isto porque o seu inconsciente colectivo impele-os para a busca da aventura rumo ao desconhecido, como que à procura de algo que está para além da memória, alimentados pela eterna saudade do que foi e do que será.

Por mais paradoxal que seja, o português não encontra estímulos no tempo presente; é no passado (na nostalgia das origens, na saudade) e no futuro que ele se move, buscando nessa fonte a barca do seu destino e a força do seu génio.

À primeira diáspora de que há memória, segundo as antigas tradições – simbolizada pela expulsão do Homem do Paraíso – sucedeu a da Torre de Babel, assinalada pelo símbolo da separação linguística e cultural dos povos do planeta. A sucessiva migração de povos para o noroeste da Península Ibérica, ainda no período megalítico, fazem-nos admitir a existência de um homem diaspórico anterior aos lusitanos propriamente ditos. Essa confluência de povos na Lusitânia resultou na fixação de um projecto, cuja objectivação se traduziu na sua expansão marítima em busca de um paraíso outrora perdido, que foi a Atlântida. Não esqueçamos que este continente situava-se defronte da Península Ibérica e desconhece-se se, porventura, teria com ela algum ponto de contacto terrestre.

in Eduardo Amarante, “Templários”, vol 2 - "A Génese de Portugal no Plano Peninsular e Europeu"

A POSIÇÃO ESTRATÉGICA DE TOMAR E A ORDEM DO TEMPLO


"Após a tomada de Santarém e como recompensa pelos serviços prestados na conquista do território aos mouros, D. Afonso Henriques doou aos Templários o castelo e terras de Ceras (próximo de Tomar), em 1159, a que se juntaram um pouco mais tarde os castelos de Almourol e Pombal.

Chegados à região para entrarem na posse do castelo de Ceras, os monges-guerreiros do Templo preferiram, todavia, instalar-se no alto do morro que fica em frente à antiga Sélio.

Em 1160, D. Gualdim Pais fundou nesse morro, situado próximo das margens do rio Nabão, o castelo que havia de ser a sede da Milícia, assim como a vila que viria a chamar-se Tomar, nome tomado da denominação que os Árabes davam ao rio

Procedendo ao povoamento do lugar, um besteiro – conta a tradição – ter-se-á oferecido a Gualdim Pais para lhe indicar um local que ele dizia ter sido em tempos remotos “uma mui nobre cidade dos cristãos, chamada Nabância”, terra de Santa Iria, onde houvera um mosteiro de frades dos regrados, isto é, de S. Bento, e uma “fortaleza dos cristãos”. Portanto, povoação, castelo e mosteiro já não eram novos em Tomar e foram reutilizados pelos cavaleiros templários.

De acordo com as tradições visigóticas, Tomar era um ponto telúrico extremamente forte e a sua região (que se estendia até Alcobaça e Óbidos, passando por Leiria) era assaz propícia às empresas de ordem espiritual (incluindo nesta a investigação), bem como à prosperidade material, graças à fertilidade das suas terras." - Eduardo Amarante

in "TEMPLÁRIOS", Vol. 2 - "A Génese de Portugal no Plano Peninsular e Europeu"

PORTUGAL – DO MITO À MISSÃO


“O mito fez-se história com D. Afonso Henriques no sonho de Ourique. Nesse instante iniciou-se um processo que viria a culminar no Portugal histórico. D. Afonso Henriques ficou incumbido de levar a mensagem de Cristo, a mensagem do Monarca Universal, dentro de um espírito de fraternidade, sem violência, aos quatro cantos do mundo.

O Rei era o pontifex, aquele que faz a ponte entre Deus e os homens, entre a vontade de Deus e a missão que os homens têm para cumprir.

Os cavaleiros templários deram corpo a essa missão, embora em segredo, pois na época já existia a Inquisição, apesar de só ter sido institucionalizada mais tarde. O seu objectivo, retomando o sonho de Alexandre Magno, era de unir o Ocidente ao Oriente através do entendimento ecuménico entre os diferentes povos e religiões.

A missão templária foi-se cristalizando cada vez mais através de D. Dinis, da Rainha Santa Isabel com o culto do Espírito Santo e, por fim, com o Infante D. Henrique que era iniciado, como quase todos os navegadores lusos, na Ordem de Cristo. Os nossos capitães eram gente de elite, altamente preparados a nível científico e militar e com uma enorme força moral e espiritual. As suas provas não consistiam apenas no domínio do mar e dos elementos, mas também no domínio deles próprios. Vasco da Gama, para só citarmos um exemplo, além de pertencer à alta estirpe lusitana, era um homem de um enorme valor moral e espiritual, pois fora iniciado na Escola da Ordem de Cristo.” – Eduardo Amarante 

OS ILUMINADOS DA BAVIERA E O ILUMINISMO CRISTÃO

Há quem pretenda relacionar o Conde de Saint-Germain ou, pelo menos, o seu presumível discípulo Cagliostro, com o Iluminismo (referem-se à sociedade secreta fundada por Adam Weishaupt ‘Os Iluminados da Baviera’?).

Sobre este ponto importa fazer a distinção entre o Iluminismo revolucionário como o da Baviera e um Iluminismo cristão sem qualquer finalidade subversiva. O conhecido filósofo e escritor daquela época, Joseph de Maistre, faz a seguinte distinção:
“Dá-se o nome de Iluminados a esses homens culpados, que ousaram conceber e até mesmo organizar na Alemanha, mediante a mais criminosa das associações, o ignóbil projecto de extinguir o cristianismo e a monarquia na Europa. Também se dá esse mesmo nome ao discípulo virtuoso de St. Martin, que não só professa o cristianismo como se esforça por elevar-se às mais sublimes alturas da lei divina.” 

in Eduardo Amarante, Profecias – Da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo

O EQUINÓCIO, OS SIGNOS DO ZODÍACO E A IDADE DE AQUÁRIO


Todas as manhãs o Sol levanta-se em frente a uma constelação da esfera celeste. Contudo, estando animado de um movimento aparente, o Sol nunca se ergue exactamente no mesmo ponto do dia anterior. Assim sendo, o Sol muda de constelação a cada trinta dias. Após uma sucessão normal durante 365 dias, ao ter-se erguido sucessivamente frente a doze constelações diferentes, o Sol volta ao início, isto é, nasce de novo em frente àquela que o tinha acolhido no ano anterior. Constatou-se, então, que o Sol, ao longo de todo o ano, tem encontro marcado, na mesma época, com uma determinada constelação. O primeiro dia da Primavera (equinócio) foi, então, designado como o ponto de encontro (ponto vernal) da Terra-Sol-Estrelas[1]. Depois desta primeira observação, também se constatou que todos os anos, ao ver o Sol a levantar-se no equinócio da Primavera, ele não se ergue no mesmo ponto da constelação, pois há uma ligeira deslocação (um grau em cada 72 anos), deslocação essa que faz com que o Sol passe de uma constelação a outra (com um ângulo de 30º) em 2160 anos (72 anos x 30º = 2160 anos). O Sol percorre, então, as doze constelações do Zodíaco (Roda Zodiacal de 360º) em 25.920 anos (2.160 anos x 12 constelações). É o chamado “Grande Ano” de Platão, em que o Sol percorre os doze signos zodiacais. Este processo é cíclico e é produto do movimento de rotação e translação da Terra.

Tomando como ponto de partida o equinócio da Primavera, o Sol movimenta-se no sentido dos ponteiros do relógio, isto é, o seu movimento é contrário às estações do ano e à sequência a que nos habituámos dos signos do Zodíaco. Houve uma época em que o Sol se erguia, por ocasião do equinócio da Primavera, em frente à constelação zodiacal do Carneiro (o Agnus Dei, o Cordeiro Pascal). Percorridos 2.160 anos, pelo chamado fenómeno da precessão dos equinócios, o Sol não se levanta em frente a Touro, mas sim frente a Peixes. Ora, a era de Peixes iniciou-se um pouco antes do nascimento de Jesus Cristo[2]. Por essa razão, o símbolo identificativo dos primeiros cristãos[3] era o Peixe (em grego ichthys) como símbolo de Cristo. E o Graal cristão é guardado por um rei pescador. Desde 1950 que nos encontramos na Era ou Idade de Aquário que irá durar até, aproximadamente, 4.110 d.C. a que se seguirá a Era de Capricórnio, etc. Do atrás exposto verifica-se que o tempo durante o qual o ponto vernal se encontra numa constelação do Zodíaco corresponde a uma era religiosa, cujo símbolo está sempre em estreita relação com essa constelação. Ou seja, o signo do Carneiro (equinócio da Primavera) é o marco para a observação do deslocamento do ponto vernal. Assim, quando o signo do Carneiro está na constelação do Carneiro, temos a era do Carneiro (Áries), quando está na constelação de Peixes, temos a Era de Peixes (Piscis) e assim por diante, recordando que cada Era tem uma duração de 2.160 anos.

Estas eras ou idades estão englobadas, como vimos atrás, no Grande Ano de 25.920 anos. Este, por sua vez, é um ciclo dentro de outro ciclo muito maior, conhecido na Índia e no Tibete pelo nome de Manvantara.

In Eduardo Amarante, “Profecias – da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo”



[1] Também podemos definir ponto vernal como o ponto do céu onde se encontra o Sol quando, na sua trajectória, corta o equador celeste, no equinócio da Primavera.
[2] A Era de Peixes iniciou-se em 210 a.C. e findou em 1950 com o ensinamento de Jesus. Antes da Era de Peixes foi a de Carneiro, Touro, Gémeos, Caranguejo e Leão, esta última entre 8.850 a 11.010 anos a.C.
[3] Mais correctamente crestãos, uma vez que Christos, de onde provém cristão, significa o Ungido, o Iluminado e, assim, cristãos seriam os membros de uma fraternidade de sábios-iniciados.

A FALSA LIBERDADE DA DEMOCRACIA



O que vemos nas nossas democracias modernas? Fizeram-nos crer que os homens são todos iguais e que o objectivo último é alcançar a liberdade. Ora acontece, e fazendo fé no que Platão nos diz, que a liberdade é algo que pertence à esfera do indivíduo, ou seja, é um produto da consciência interna de cada um. Um homem pode ser socialmente livre, mas ser escravo de si próprio. Por exemplo, todo o homem que actua condicionado por alguma coisa, seja pelos seus instintos, seja pelos seus prazeres, ou mesmo pelas opiniões alheias que o induzem a fazer de uma maneira e não de outra, etc., não é livre, pois não é mestre das suas próprias decisões. A liberdade não vem de fora. A liberdade é um estado interior e, como tal, só o indivíduo pode alcançá-la e vivê-la.

Uma sociedade só pode ser livre quando cada um dos seus cidadãos, individualmente, for livre. É algo que depende exclusivamente de cada um, porque um homem verdadeiramente livre não depende do exterior para agir. Os famintos reclamam pão; os escravos reclamam liberdade.

Não será Platão de uma grande actualidade? As suas reflexões adaptaram-se perfeitamente ao drama do século XX e às consequências que se farão sentir no início deste terceiro milénio. Durante muitos anos persuadiram-nos de que a democracia podia justificar todos os crimes cometidos, tendo as palavras perdido o seu sentido real e sendo utilizadas abusivamente para fins pessoais egoístas. É assim que se explica que existam tantas democracias no mundo, das mais diversas cores, e que a luta entre elas nunca finda.

Em nome da democracia “liberalizam-se” os povos do terceiro mundo, “protegidos” por uma ou outra das grandes potências actuais que disputam o predomínio de vastas áreas para fins inconfessáveis. Fazem-se guerras em nome da democracia e da liberdade dos povos, sem que estes tenham tido a oportunidade de expressar livremente o rumo que querem seguir.

Em certos países de África, o povo não tem pão, não tem instrução, mas tem armas; na Índia, há aldeias onde a escola e a electricidade ainda não chegam a todos, mas onde já chegou a coca-cola.

A imposição da liberdade aos homens não é possível, é uma utopia, ou melhor, uma mentira. No mundo actual, globalizado, existem algumas pessoas que simplesmente utilizam a “liberdade” para explorar. A liberdade serve, em muitos casos – para não dizer na sua grande maioria –, para que os mais hábeis e sem escrúpulos explorem o povo indefeso e facilmente sugestionável. Os seus desígnios têm apenas um objectivo: fazer alguém escravo dos seus interesses.

Em nome da liberdade os tiranos de hoje cometem as maiores arbitrariedades e apanham nas suas malhas os incautos que acreditam nas suas palavras. No mundo global, podemos espalhar o bem, mas o mal também facilmente se multiplica...
Eduardo Amarante

CONSUMIR… SENDO CONSUMIDO


"A finalidade do homem é espiritualizar-se e, para isso, deve estar imbuído de moral. A técnica não passa de um instrumento, de um meio que lhe deveria servir no seu percurso ascendente, facilitando-o. Porém, vemos que a técnica e os aparelhos por ela produzidos (que muitos, provado está, são prejudiciais à saúde) converteram-se num fim, num objectivo a alcançar.

Quer-se o conforto físico e não o conforto da alma. Mas... será que se quer mesmo? Ou serão antes os senhores ou os amos desta sociedade materialista que, manipulando o ensino e a informação, nos ditam aquilo que deveremos querer para, consumindo, sermos consumidos pela sua ânsia de lucro e poder?!" - Eduardo Amarante

"A ESSÊNCIA DO AMOR NÃO PODE EXTINGUIR-SE, MAS APENAS PERVERTER-SE" - H. P. Blavatsky




(Neste momento crítico de viragem histórica, o que predomina é a primeira evidência que conforma todo um ciclo de provas necessário para a tomada de consciência da humanidade mediante a provação da dor. Dessas experiências acumuladas emergirá um novo ciclo de luz e de amor regenerado).

“Neste imundo solo [leia-se civilização moderna] cresceram os germes que finalmente se converteram em contestatários que negam tudo: ateístas, nihilistas, anarquistas. Alguns poderão ser maus, violentos, criminosos; (…) colectivamente, esta porção desesperada da humanidade representa o próprio Satanás; pois ele é a síntese ideal de todas as forças discordantes, e cada vício humano ou paixão, não são senão um átomo da sua totalidade. 

"Pobres daqueles, orgulhosos e ricos, que mais parece não terem centelha divina, nos quais predomina um sentimento de egoísmo e de desejo de riquezas à custa do débil e do desfavorecido, indiferentes que estão perante as injustiças e o mal. Usam a palavra “liberdade” para se guindarem ao poder, quando, na verdade, para eles, a liberdade é sinónimo disfarçado de opressão do povo em nome do povo. Contudo, no mais profundo do coração desta porção satânica arde a centelha divina, apesar de todas as negações. Chama-se Amor pela Humanidade, uma ardente aspiração por um reino universal de Justiça e, daí, o desejo latente de Luz, Harmonia e Bondade." - H. P. Blavstaky

in "PROFECIAS - Da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo", Eduardo Amarante

A ÉPOCA EM QUE VIVEMOS... (escrito por H. P. Blavatsky no último quartel do séc. XIX)


Vejamos o que M.me Blavatsky escreveu no último quartel do século XIX a respeito do ambiente que se vivia na época e que ainda hoje é actual:
“A época em que vivemos é tão orgulhosa quanto hipócrita, tão cruel quanto dissimuladora.
(…)
“Para vislumbrar o ciclo futuro basta examinar a situação actual. O que é que vemos? Em vez da verdade e da sinceridade temos a fria cortesia cultural .
(…)
“Em todos os níveis encontramos a falsidade…; formosura por fora e putrefacção e corrupção por dentro. A vida é um vasto hipódromo cuja meta é uma torre de ambição egoísta, orgulho, vaidade, avidez pelo dinheiro e pelo poder, enquanto as paixões humanas são os ginetes e os nossos irmãos mais débeis os cavalos. Nesta terrível corrida de obstáculos, alcança-se o troféu fazendo-se sangrar e sofrer o coração de um sem-número de seres humanos e lucra-se pagando com a auto-degradação espiritual. Quem, neste século, se atreveria a dizer o que pensa? Hoje em dia é preciso ser-se intrépido para expressar a verdade com denodo, o que implica um risco e um elevado custo pessoal.
(…)
“É este o nosso século tão buliçoso. De todos os que o antecederam é o mais cruel, malévolo, imoral e incongruente. (…)
“No entanto, como se nos deparará o novo ciclo? Será simplesmente uma continuação do presente, com matizes mais escuros e terríveis? Ou irá raiar um novo dia para a humanidade, uma jornada radiante, repleta de verdade, caridade e verdadeira felicidade para todos? A resposta depende, principalmente, de todos os que… continuarem a lutar em prol da Verdade e contra os poderes das Trevas.
(…)
Uma vez que os seres humanos se consciencializem de que a autêntica felicidade se encontra no altruísmo, no amor fraterno, na ajuda mútua e numa constante devoção pela Verdade, e nunca na riqueza, nas posses terrenas e nas prebendas egoístas, as nuvens escuras dissipar-se-ão e na Terra nascerá uma nova humanidade. Então, despontará o dia da Idade de Ouro. Caso contrário, desencadear-se-á uma tempestade e a nossa soberba civilização ocidental mergulhará num oceano de horrores inauditos em toda a História.”

in "PROFECIAS - Da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo", Eduardo Amarante

OS TEMPLÁRIOS E A GEOGRAFIA SAGRADA


“Um estudo feito por Jeff Saward mostra a forte ligação entre os locais sagrados e os beneditinos. A utilização que esta ordem monástica deu à geografia sagrada encontra-se bem documentada, tornando-se óbvio que tinham conhecimento e manipulavam as energias da Terra para o progresso do cristianismo. Por seu turno, Kurt Gerlach descobriu, nos seus estudos, que os beneditinos ergueram mosteiros fortificados, a intervalos fixos, ao longo das linhas de força telúricas, donde emanava um poder espiritual e militar que mantinha o território sob seu domínio.

Em Portugal, os templários, graças ao conhecimento da Ordem de Cister, fizeram o mesmo ao criarem uma cintura defensiva de sete castelos em redor de Tomar, seu centro espiritual e militar.

Estas energias subtis inerentes a lugares mágicos são alegoricamente conhecidas como o “Santo Graal”, simbolizadas ou concentradas numa taça ou pedra. Mais tarde, a posse deste símbolo acabou por ser um sonho acalentado pelas ordens de cavalaria e tanto os cavaleiros da Távola Redonda, como os cavaleiros templários e teutónicos procuraram a morada do Graal, que corresponde a um centro iniciático que conserva a herança da Tradição primordial, segundo a unidade indivisível, que lhe é própria, das duas dignidades: a real e a espiritual.”

in "TEMPLÁRIOS, Vol. 1 - Dos Antecedentes Históricos à Fundação e Expansão", Eduardo Amarante

OS ILLUMINATI


Adam Weishaupt (1748-1830) foi educado num colégio de Jesuítas antes de obter o título de professor de Direito canónico em Ingolstadt, na Baviera. O seu director espiritual foi uma personagem misteriosa chamada Kolmer, que vivera bastante tempo no Egipto e fora animador na Europa do grupo maçónico 'Os Iluminados de Avinhão'.

Kolmer reconheceu em Weishaupt uma natureza fora do comum, tendo pressionado o jovem professor a criar, em 1776, uma sociedade secreta chamada Os Iluminados da Baviera, fundada curiosamente no dia 1 de Maio, data mundialmente comemorada. O plano secreto era acabar com os governos soberanos e as religiões, criando uma Nova Ordem Mundial. Esse plano foi descoberto, pela primeira vez, pelos czars da Rússia, o que originou a Primeira Guerra Mundial e, pouco depois, o assassinato do czar e da sua família.

Em termos de numerologia cabalística, o número onze (11) é muito importante para os Illuminati. Essa sociedade, como é de norma, obedecia a uma rigorosa escala hierárquica composta por treze graus. O candidato ou iluminado, à medida que avançava na escala de “iniciação”, eram-lhe levantados os véus que escondiam o fim último da Ordem: a destruição da sociedade e a sua substituição por uma organização sem classes, sem outra hierarquia que não fosse a “virtude” inerente a cada cidadão.

Os Iluminados que alcançavam o grau de padres iluminados sabiam, por conseguinte, que iam contribuir para o desmoronamento do cristianismo e da realeza, que seriam substituídos pelo ateísmo e pela igualdade…

Em 1777, Weishaupt ligou-se aos maçons, tendo entrado para a Loja de Munique nesse mesmo ano. A partir de então, ele trabalhou incansavelmente para enxertar o Iluminismo na Maçonaria. Dito de outro modo, criou uma ordem secreta dentro de outra ordem secreta. Aqui reside o segredo das forças ocultas que dominam presentemente o mundo: a exemplo das camadas de uma cebola, as sociedades secretas operam uma dentro da outra, de modo a que os membros que estão nas camadas (círculos) externas desconheçam os segredos daqueles que estão nas camadas (círculos) internos.

Trata-se, pois,efectivamente, de uma conspiração que se processa nos bastidores da História, para levar o mundo a uma Nova Ordem Mundial.

in "PROFECIAS - Da Interpretação do Fim do Mundo à Vinda do Anticristo", Eduardo Amarante

A VERDADE E A MENTIRA OU O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA NO HOMEM


No seu actual estado evolutivo, o homem comum – a imensa maioria da humanidade – vive num estado de consciência precária, e usa o seu livre-arbítrio como um brinquedo perigoso, raramente medindo as reais consequências dos seus actos. Daí provêm os muitos desvios do caminho evolutivo, desvios esses geradores de grandes sofrimentos e de atrasos na evolução. E daí a necessidade dos nossos Irmãos Maiores ou divinos Instrutores se manifestarem no mundo quando a humanidade Deles mais precisa. A este propósito citamos o que Ouspensky, na qualidade de discípulo, revelou ao mago Gurdjieff:

“O homem vulgar está constantemente num estado de inconsciência semelhante ao sono. É ainda pior, porque no estado de sono ele fica totalmente passivo, enquanto no estado de pseudo-vigília pode actuar. Mas as consequências dos seus actos repercutem-se sobre ele e sobre o seu meio e, entretanto, ele não tem consciência de si próprio. Não é mais do que uma máquina: tudo chega até ele. Não pode controlar os seus pensamentos, nem a sua imaginação, nem as suas emoções. Vive num mundo subjectivo, ou seja, um mundo feito do que ele acredita amar ou não, desejar ou não. Ignora o Real. O mundo autêntico é-lhe ocultado pelo muro da sua imaginação. Ele vive no sono.

“Como acordar? É o problema vital para todo o humano digno desse nome. O esforço, a reeducação devem começar pela convicção de que se está a dormir. Logo que ele tenha não só compreendido como comprovado que não se conhece verdadeiramente e que a análise de si mesmo constitui o primeiro passo no sentido do verdadeiro despertar, ele terá vencido a primeira barreira. Ele precisa ser ‘ajudado’ por um homem que não esteja adormecido. Esse ‘instrutor’ é absolutamente indispensável.”

Mestre “despertador de consciências”, a figura enigmática que foi Gurdjieff, mestre espiritual greco-arménio que trouxe para o Ocidente um modelo abrangente de conhecimento esotérico, relatou o seguinte aos seus discípulos, em forma de parábola, para lhes dar a conhecer o método de alcançar a consciência de si e os atributos espirituais do “Homem real”:

“Era uma vez um mágico rico e avaro que possuía numerosos rebanhos de carneiros. Não contratou um pastor nem fechou os pastos. Os carneiros meteram-se pelos bosques, caíram pelas ravinas e fugiram à aproximação do mágico, porque suspeitaram do que ele faria à sua carne e à sua lã.
“No entanto, o mágico encontrou a solução: hipnotizou os carneiros e convenceu-os em seguida de que eram imortais e que esfolá-los lhes fazia bem à saúde. Em seguida, convenceu-os de que ele era um bom guia, que era capaz de todos os sacrifícios pelos seus queridos carneiros a quem tanto queria. Depois disso, o mágico meteu na cabeça de cada rebanho que uns eram leões, outros águias e outros até mágicos. Feito isso, o mágico conseguiu o que queria. Os carneiros ficaram definitivamente amarrados a cada rebanho; eles esperavam com serenidade o momento em que o mágico os tosquiasse e cortasse as goelas.”

Meditemos bem sobre esta parábola, pois tem muito a ver com o Mito da Caverna de Platão e com a exploração do homem pelo homem, através daqueles que, ao invés de instruí-lo para que obtenha a sua libertação interior, enganam-no e escravizam-no. Gurdjieff sintetiza a importância do filósofo-guia no seguinte parágrafo:

“Se se encontram dois ou três homens ‘despertos’ entre uma multidão de ‘adormecidos’, eles reconhecem-se imediatamente, ainda que os adormecidos não os distingam… Duzentos homens conscientes, se eles considerarem a sua intervenção necessária, podem modificar todas as condições de existência sobre a Terra.”

Esta constitui uma “profecia” insofismável, que é reiterada pela seguinte frase:
“Na nossa época, a Verdade só pode chegar aos homens sob a forma de mentira. É apenas sob esta forma que eles são capazes de a digerir e assimilar. A Verdade crua seria uma comida muito indigesta…”. Neste sentido compreende-se o que Paul White afirmou quando disse que “Nada é mais estranho do que a verdade.”

in "PROFECIAS - Da Interpretação do Fim do Mundo à Vinda do Anticristo", Eduardo Amarante

A FUNÇÃO RITUAL DA PORTA FÚNEBRE

A existência de aberturas em estelas e esculturas ibéricas, representando frestas de portas, têm originado interpretações nem sempre coincidentes, lacunas quanto ao seu real significado ou mesmo erros graves na sua apreciação. Sabemos que a existência de orifícios em tampas tumulares alentejanas, da Idade do Bronze, simbolizavam uma abertura para a passagem das almas. Também não é raro encontrar em sarcófagos egípcios a imagem de uma porta. “Em toda a antiguidade grega, etrusca e romana, diz J. Leite de Vasconcelos, foi costume figurar portas em lápides e estelas funerárias, para se representar a passagem das almas por elas para o outro mundo; tornaram-se pois símbolos do sepulcro e da vida futura, chamando-lhes os arqueólogos portas fúnebres e portas do Hades. Em algumas aparece o próprio Hermes (ou Mercúrio) Psicopompo no acto de conduzir as almas.”

 No simbolismo ctónico-funerário chamava-se à entrada do Hades a “Porta do Sol”, evocando sugestivamente a ideia de um nascimento para a luz do espírito. Trata-se de um rito de passagem de um estado a outro, isto é, mediante rituais funerários simbolizados pela porta que deve ser atravessada, assegurava-se o renascimento post mortem. É significativa a presença de Hermes Psicopompo que, à semelhança do Anubis egípcio ou do Xolotl mexicano tem a faculdade de ver nas trevas, o que lhe confere o papel iniciático de condutor da alma-peregrina através das regiões infernais, recheadas de perigos astrais, até à morada dos bem-aventurados.

 Na religião cristã são bem conhecidas as portas do Inferno. Há igualmente estelas sepulcrais árabes, achadas em Espanha, semelhantes a um arco de ferradura, com o que se aspira a representar a porta da outra vida ou do Paraíso”. 

 Se atendermos ao facto de que toda a casa é um microcosmos ou imago mundi, isto é, tal como a cidade e o templo é um centro do mundo para aquele que nela mora, com o seu santuário reservado ao culto dos Manes, veremos que a porta assume de facto uma função mediadora e constitui uma possibilidade ou uma barreira quanto à passagem de um estado a outro, do domínio do profano ao domínio do sagrado. 

 A própria palavra templo significa a divisão existente entre o espaço profano e o espaço sagrado e, por conseguinte, através da porta de acesso faculta a passagem de um plano a outro. É por isso que em todos os recintos sagrados a porta que dá acesso a uma nova dimensão espiritual está sempre voltada para o ocidente. Os fiéis ou os neófitos fazem o percurso ascendente desde as trevas, que simbolizam a morte para o mundo profano, até ao oriente de um re-nascimento ou iniciação no sagrado. (O significado primitivo do verbo orientar depreende-se no atrás exposto). Em última análise, a passagem da porta simboliza a iniciação no conhecimento. 


in "UNIVERSO MÁGICO E SIMBÓLICO DE PORTUGAL", Eduardo Amarante

PRISCILIANO E A GNOSE (ou a aproximação do cristianismo à religiosidade celta)



"Prisciliano (345-385) era natural do ocidente galaico-lusitano e o seu pensamento inspirou-se directamente na gnose recebida do Oriente. Essa gnose, ou conhecimento, incluía, entre outros, o maniqueísmo e o mazdeísmo, constituindo o chamado eclectismo gnóstico que se desenvolveu na Galécia nos meados do século IV. Tido como um filho espiritual do Oriente, Prisciliano quis, no entanto, num intento de unir o nascente e o poente, adaptar a Galiza e a Lusitânia “a uma forma de cristianismo mais próxima do velho sentimento celta do mundo e do ultramundo”, como refere Pedrayo na sua obra Ensaio sobre a Cultura Galega.
Prisciliano contou com o apoio de uma forte corrente feminina, e isto porque, provavelmente, a valorização da mulher no contexto do sagrado respondia à implantação do costume celta da ordem das sacerdotisas. Começou a pregar em 379, com a idade de 34 anos. Como a sua doutrina se afastava do credo de Niceia, a Igreja de Roma considerou-a herética. A reacção não se fez esperar e as suas teses foram condenadas no concílio de Saragoça, em 380. Após inúmeras peripécias e de ter sido, inclusive, acusado de magia, então interdita, Prisciliano foi condenado à morte e decapitado em 385, na cidade de Tréveris, França. O movimento priscilianista surgiu a partir de então, principalmente na Hispânia e na Aquitânia, geralmente clandestino, como uma das principais expressões do catarismo albigense. 
(…) A sua doutrina visava, dentro do espírito da gnose, adaptar a religiosidade celta ao universo católico. Prisciliano foi, sobretudo, um defensor de uma vida ascética e de virtude, tão cara aos primeiros tempos do cristianismo. Em data desconhecida veio para a Lusitânia, onde a sua doutrina rapidamente encontrou adeptos, mesmo no seio do clero. Salviano e Instâncio, bispos de duas dioceses lusitanas, foram seus seguidores."

In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 2


SANTIAGO DE COMPOSTELA – LOCAL DE CULTO ANTERIOR AO CRISTIANISMO


“A Europa está coberta por um vasto sistema de linhas de energia. Este sistema de linhas de energia tem a sua origem no monte Pamir (por sinal uma das montanhas sagradas dos arianos), estendendo-se até Teerão, onde se divide. Uma das bifurcações vai para a Rússia ocidental, enquanto a outra segue em direcção a Jerusalém, onde volta a dividir-se. Uma das novas linhas continua até às Pirâmides, indo depois para África, enquanto a outra penetra na Europa através de Chipre, Rodes e Santorini. Montanhas sagradas europeias e santuários de peregrinação, como Santiago de Compostela, na Galiza, estão todos ligados a este sistema de energia com origem no monte Pamir. A título de curiosidade, é importante lembrar que Portugal também possui uma linha energética recta, que vai de Santiago de Compostela a Tomar. Daí que as peregrinações ao local de culto de Santiago de Compostela já se fizessem na antiguidade, muito antes de ter surgido o cristianismo. A actual catedral foi erigida por cima de templos druídicos e romanos. Assim, não constitui surpresa verificarmos que ao longo da história encontramos o fenómeno de apropriação de lugares sagrados ou mágicos e que, quando uma religião nova chega pela primeira vez a um território, tenha a tendência de substituir a fé anterior, tomando para si os antigos locais sagrados, os santuários. Esta tem sido a fórmula encontrada para o sucesso da nova religião que, assim, não rechaça de forma brusca a antiga crença, antes aceitando os antigos locais de culto para uso próprio. A cristianização é o caso mais concreto da forma como eram transformados os antigos templos de culto[1], de cariz pagão, em templos de tradição religiosa cristã, bastando para o efeito colocar uma imagem ou uma cruz em cima do monumento, sendo este muitas vezes um megálito, sobretudo em Portugal e na costa atlântica europeia.”

In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 1



[1] Estes templos não só eram de pedra, como também podiam ser bosques de carvalhos sagrados, a exemplo do locus consecratus druida.

A EMBLEMÁTICA BATALHA DE OURIQUE - DE MILAGRE A PRIMEIRO MITO DE PORTUGAL


No dia 25 de Julho[1] de 1139 travou-se a célebre batalha de Ourique, em que D. Afonso Henriques desbaratou os mouros, cujo chefe, denominado Ismar ou Omar, conseguiu fugir, salvando a custo a vida. Segundo os cronistas antigos, a batalha de Ourique foi a pedra angular da fundação de Portugal como reino independente. Ali os soldados aclamaram rei o jovem príncipe que os conduzira à vitória sobre cinco reis mouros e os exércitos sarracenos de África e de Espanha.

Foi a mais célebre de todas as histórias de lutas contra os mouros[2]. Este facto deveu-se a uma das muitas incursões que os cristãos faziam em terras de mouros para conseguirem gado e demais despojos.
Os momentos que antecederam a batalha são assim relatados por André de Resende:
“Afonso ocupou a colina onde estava uma antiga ermida em que determinado velho, de provecta idade, vivia entre os mouros como um ermitão e que, devido à pobreza e santidade de vida, por ninguém era provocado injustamente. O quase infindável contingente militar de Ismar enchia todos os campos em redor e já esperançadamente se via a tragar os adversários cercados. Não parecia aos nossos soldados ser decisão avisada combater contra tão grande multidão, pois cada um deles teria de defrontar no combate para cima de cem inimigos, mas o príncipe robusteceu o espírito dos seus soldados por meio de um discurso cheio de esperança e firmeza. Ao mandá-los dispersar ordenou que tratassem de seus corpos e que aguardassem alegremente o dia seguinte que era santificado ao apóstolo Tiago, padroeiro das Hispânias.
Como tivesse anoitecido, veio aquele anacoreta à presença de Afonso e exortou-o a ter coragem com a revelação de uma profecia. Disse-lhe que à hora da noite em que ouvisse o som de uma sineta que estava na capelinha deveria sair da tenda pois lhe iria aparecer no ar Cristo suspenso da cruz.
Afonso, contente com uma notícia tão desejada e tão inesperada, velou toda a noite aguardando o prometido. E assim, ao romper da alva e antes do dia, ao sair da sua tenda real quando tinia a sineta, pôde olhar para o Senhor crucificado, suspenso no ar. Arrastado, quase fora de si, pelo prazer desta visão, adorando-o dizia assim: ‘Será verdade, ó Salvador do mundo, que me apareces a mim neste momento? Mas por que razão apareces àquele que em ti crê e que te honra com a maior devoção? Antes te dignasses a aparecer a estes infiéis, ignorantes da tua divindade, inimigos teus e portanto meus, para que compreendam o mistério da tua cruz e deixem de ser insensatos’. Quando com estas e outras palavras semelhantes prosseguia, como que em êxtase, foi muito agradavelmente surpreendido pela voz de Cristo que lhe falava e prometia vitória. Logo que a divina aparição se recolheu ao céu, pediu as armas, ordenou que se armassem os soldados, que se formassem as linhas de batalha e que as tubas em uníssono dessem o sinal.
Alguns dos chefes procuraram-no em nome do exército, dizendo:
- ‘Os teus homens, valente chefe, pedem que lhes permitas saudar-te como rei’.

Mas ele respondeu-lhes:
- ‘Fidelíssimos companheiros de armas! Coube-me a mim, entre vós, o nome e título suficientemente honroso de príncipe. Não ambiciono outro. E ainda que o desejasse muitíssimo ou quisesse aceder ao que pedis, nem o momento nem o local o permitem. Esforçar-me-ei por que não vos desagrade como vosso chefe; esforçai-vos vós para que eu como chefe não tenha a lamentar a perda de soldados’.
A resposta foi a seguinte:
- 'Não só prometemos o que pedes como, quanto a nós, não faltaremos ao dever. Mas pelo rei combateríamos com mais ardor, venceríamos com mais honra e morreríamos mais alegremente’.
Então, depois de quase terem forçado a quem se escusava, foi aclamado por três vezes em altos brados e ao som das tubas, clarins e tambores:
- ‘Vida e vitória para Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal’!
Depois de darem aos soldados o santo-e-senha, passam-se para o campo dos inimigos. Da parte contrária, porém, aquele inumerável exército de bárbaros estrondeava com tão dissonantes clamores e com tão terrível estrépito, que parecia que o céu vinha abaixo e que a terra era abalada por um sismo.
Principiou o combate, sangrento, implacável, da primeira hora do dia até ao meio-dia, até que o próprio Ismar, cuja vida já corria risco, vida que os nossos mais-que-tudo cobiçavam, encontrando-se em situação desesperada e tendo perdido na peleja o primo de nome Omar Atagor, neto do rei Ali, a quem constituíra seu guarda de corpo, fugiu com os reis que com ele estavam. Verteu-se, porém, tanto sangue que do local da batalha correram regos na direcção do Cobre e do Terges (rios próximo de Castro Verde). E, mais ainda, chovendo poucos dias depois, como a água tivesse lavado o chão sujo de sangue escuro e engrossado os regos, o Terges que desagua no confluente Cobres levou as águas poluídas até mesmo ao Guadiana. Afonso, o novo rei, portanto, ficou nos arraiais durante três dias conforme era hábito dos vencedores, tendo deixado o despojo para os soldados.
Ele próprio, que até então usava um escudo branco, imaginou insígnias que representassem o combate que ali se passou. Em primeiro lugar, porque no ar olhara para Cristo pregado na cruz, desenhou no escudo de prata uma cruz da cor do céu; depois, porque tinha vencido cinco reis, separou com a própria cruz cinco escudos; em cada um destes representou trinta moedas de prata, porque se considerara que por essa soma fora vendido o Salvador do mundo.
O desenho das moedas foi modificado por uma questão de comodidade pelos reis que se seguiram e em cada um destes escudos foram colocadas cinco moedas em forma de cruz, aproximadamente com a forma da letra X, de maneira que, contando duas vezes, o que está no meio e como a conta é feita desde cima e de lado a lado, se perfaz o número trinta.
Foram estas as insígnias que naquele momento e naquele lugar se adoptaram. Quanto aos sete castelos que no campo rubro do escudo régio rodeiam as orlas, relacionam-se com outra história.”[3]

O próprio D. Afonso Henriques narra este mesmo acontecimento anos mais tarde, nomeadamente a 29 de Outubro de 1152, em Coimbra, perante muitos fidalgos, entre os quais Mem Peres, que redigiu, a pedido do mestre Alberto, conselheiro de el-rei, a seguinte carta:
“Eu Afonso, rei de Portugal, filho do Conde D. Henrique, neto do grande rei D. Afonso, diante de vós, Bispo de Braga, Bispo de Coimbra e Teodósio e de todos os mais vassalos do meu reino, juro em esta cruz de metal e neste livro dos santos evangelhos, em que ponho minhas mãos que eu sou miserável pecador, vi com estes olhos indignos Nosso Senhor Jesus Cristo… e disse entre mim mesmo:
Mui bem sabes, Senhor Jesus Cristo, que por amor vosso tomei sobre mim esta guerra, contra os vossos adversários, em vossa mão está dar a mim e aos meus fortaleza, para vencer os blasfemadores do vosso nome... A que fim me apareceis Senhor? Quereis por ventura acrescentar fé a quem tanta a tem? Melhor é por certo que vos vejam os inimigos que não crêem em vós, que eu, desde a fonte de baptismo, vos conheci por Deus…
O Senhor com um tom de voz suave que minhas orelhas indignas ouviram, me disse:
‘Não te apareci deste modo para te acrescentar a tua fé mas para fortalecer o teu coração, neste conflito, e fundar os princípios do teu reino, sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas também todas as outras em que pelejares, contra os inimigos da minha cruz... Acharás na gente alegre e esforçada, e te pedirão que entres na batalha com o título de Rei... Eu sou o fundador e distribuidor de reinos e impérios e quero em ti e teus descendentes fundar, para mim, um império para cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas’...
E que isto se passasse na verdade juro eu, D. Afonso, pelos santos evangelhos, tocados com estas mãos...”

Por sua vez, Frei Bernardo de Brito escreveu na Crónica de Cister o célebre texto que Frei António Brandão reproduziu depois na Monarchia Lusitana. Este texto, que reaviva o patriotismo lusitano, demonstra como os cistercienses, já sob o domínio castelhano, continuaram a lutar pela independência de Portugal.

O milagre de Ourique foi fruto do aparecimento de Jesus Cristo a D. Afonso Henriques como garantia da vitória em batalha tão desigual. Aparece relatado, pela primeira vez, na Crónica de 1419 de Fernão Lopes, que o achara escrito num texto mais antigo. De acordo com este mito, fora revelado a D. Afonso Henriques que Portugal era um reino de origem divina, fundado por Deus e que a sua independência assentava num direito superior ao direito humano. Daqui emerge a concepção de Portugal como País predestinado ao desempenho de uma missão providencial, a consumação do mito no futuro mediante o império universal, ou Quinto Império, profundamente espiritual.
Não obstante a narrativa de Frei Bernardo de Brito ter sido, de acordo com a maioria dos historiadores, elaborada com fins patrióticos durante a ocupação castelhana, “o seu teor literário não contradiz por si próprio a veracidade possível ou impossível da tradição” (A. Quadros).

In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 2




[1] Lembremos que esta data está imbuída de um profundo simbolismo, uma vez que 25 de Julho é o dia de Santiago, patrono dos exércitos cristãos na luta contra os mouros.
[2] Refira-se, a título de curiosidade, que Gualdim Pais, fundador da cidade de Tomar, participou nesta batalha ao lado de D. Afonso Henriques. Tinha na altura 21 anos de idade. Para mais informações v. mais adiante neste Capítulo § 5. A posição estratégica de Tomar e a Ordem do Templo. Gualdim Pais.
[3] Estes sete castelos têm a ver com o próprio significado simbólico do número 7 e também com a cintura de sete castelos templários em redor de Tomar, bastião-templo dos templários em Portugal, cujo papel na fundação de Portugal ao lado de D. Afonso Henriques foi determinante, como veremos mais para a frente.